terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ninguém disse que seria fácil...

Pintei com tons de futuro os velhos retratos e algumas páginas já foram arrancadas do espiral enferrujado.
Doei seus antigos discos e adotei os melhores romances que sobraram do seu acervo.
Apaguei os finais de meses para não ter que programar o amanhã.
Sob pressão, dei voz às razões, emudecendo velhas emoções.
Distraí o tédio mudando os canais da tv e maquiei algumas pretensões embaralhando a rotina da direção.
Inventei compromissos, menti sobrenomes e ri de outras promessas frágeis.
Rejeitei ao convite incerto dos atalhos.
Ninguém disse que seria fácil e eu paguei pra ver.
A obstinação acabou dissolvendo os velhos receios e as ilusões marcharam entre uma cegueira suspeita.
Eu só quis dar um sentido às coisas.
Aos poucos, senti de volta o chão abaixo dos pés e, num pico alto da cidade, o sol bateu no rosto outra vez.
Velhas contradições saíram sem tempo de uma despedida e novos sentidos chegaram pra nunca mais partir.

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